Coração Valente: Caráter e semelhanças com hoje.

Assisti pela terceira ou quarta vez o clássico filme “Coração Valente” (Braveheart) com Mel Gibson interpretando William Wallace, herói da guerra da independência Escocesa. A razão de eu gostar muito desse filme (embora seja em certa parte exagerado, mas que filme ou romance não o é?) é a mensagem que pego dele. Ao ver a trajetória de vida do personagem no filme percebo como um homem deve levar sua vida e concretizar seus sonhos. Acredito que a maioria das pessoas que ler isto provavelmente já assistiu o filme em algum momento de sua vida então irei dar uma resumida para relembrar de alguns fatos do filme. Lembrando que estou falando do FILME e não do ser Wallace baseado na história!

William Wallace era filho de um camponês escocês. Ainda jovem viu a tentativa de seu pai de organizar alguns dos clãs para lutar contra a opressão inglesa na escócia do rei longshancks, dito como um dos mais cruéis reis que sentaram naquele trono. O jovem Wallace porém frustra-se ao receber tempo depois a notícia da morte de seu pai e de seu irmão mais velho que foram feridos em combate contra os ingleses. Encontra também em uma casa diversos dos nobres escoceses que foram traídos por Longshancks em um suposto tratado de paz, todos enforcados. Mulheres e crianças inclusos. Logo cedo em sua vida Wallace acaba tendo de lidar com a perda daqueles que mais amava. Durante o dia após ver o corpo de seu pai e irmão comparece ao enterro de ambos. Enquanto todos saíam após as preces o pequeno Wallace ficou só, chorando vendo o coveiro enterrar sua família. Uma jovem garota então, entrega a ele uma flor, um cardo (thistle) flor símbolo da Escócia. Wallace é então adotado por seu tio que aparece a noite para ver o verdadeiro enterro dos pais de Wallace: com corpos queimados e gaitas escocesas, proibidas pelo governo inglês e que quando eram feitas deveriam ser as escondidas. O tio de Wallace o leva consigo e o ensina diveras línguas e a arte do combate. Wallace retorna anos depois, adulto e tenta retomar sua vida como fazendeiro. Reencontra Murien, a garota que havia lhe dado a flor (a qual ele devolve a ela depois) e ambos vivem um romance cheio de amor e companheirismo. Casam-se as escondidas para evitar a Prima Nocte direito que os nobres ingleses detinham sobre os camponeses escoceses que se tratava de que quando houvesse um casamento a primeira noite da noiva deveria ser com o nobre. Após algum tempo ocorre uma tentativa de abuso de Murien por parte de soldados ingleses e devido ao atrito a mulher de Wallace é capturada. Como Wallace havia agredido soldados o nobre regente da terra opta por assassinar Murien em público cortando sua garganta visando atrair o fugitivo Wallace. Isto funciona, Wallace retorna então em fúria e com a ajuda de seus antigos amigos que apoiavam a causa de seu pai mata o nobre da mesma maneira que o mesmo havia matado sua mulher e toma as terras para seu povo. Guarda o lenço que sua amada havia feito para ele o qual o acompanharia até o fim de sua vida. Daí em diante Wallace passa a receber o apoio do povo escocês e corre atrás do sonho quase utópico na época: o da liberdade escocesa da repressão inglesa e a formação de um país independente. Ao longo de sua jornada Wallace acaba tendo que passar a negociar com os nobres escoceses que engalfinhados em jogos políticos e poder (e sem nenhum interesse pelo povo camponês... humm, isso não nos remete a alguma coisa atualmente? Parece que a história gosta de se repetir...) abandonam a causa revolucionária subornados pelo rei e traem Wallace no campo de batalha. Pasmo com a atitude de seus próprios compatriotas (se é que vermes como a nobreza colocada no filme pode ser dita “patriota”) Wallace mata dois dos nobres haviam traído a causa. Os exércitos de Wallace e escoceses tomam a cidade de York sozinhos. Assustado, o rei da inglaterra Longshancks pretende então matar Wallace e cessar as rebeliões escocesas e para isso utiliza-se de sua nora, a princesa da França. Porém, a princesa acaba por apaixonar-se pelo revolucionário escocês (hah) e passa a ajudá-lo. Finalmente o rei decide por comprar (novamente) os nobres escoceses os quais enganam novamente Wallace prometendo ajudar a causa escocesa deliberdade e capturam Wallace, entregando-o para a Inglaterra. William Wallace passa por um julgamento ao qual se nega a pedir perdão e jurar lealdade ao rei e então é levado para sua sentença: Wallace é então espancado, enforcado, esticado, têm suas tripas puxadas para fora e, finalmente, é decapitado. Ao negar-se a pedir misericórdia diante da população inglesa e de seus executores, decide por gritar “LIBERDADE” e então, após ter suas tripas expostas dá seu último suspiro de vida. Em sua mão, está o lenço de Murien manchado do sangue das batalhas que wallace havia realizado. Enquanto o machado estava a cair em seu pescoço, Wallace sofre seu último delírio e então enxerga Murien em meio a multidão, junto aos seus dois maiores companheiros que assistem sua execução pois nada poderiam fazer em Londres. Wallace então sorri para Murien, que sorri de volta, felizes, pois poderiam juntar-se finalmente.

    O que me faz derramar lágrimas neste épico é a jornada de Wallace e como ele, ao adotar a posição real de HOMEM segue até o fim com seus ideais e mantém-se fiel até o fim naquilo que acreditava ser o certo. Mesmo que custasse sua vida. Inicialmente Wallace sofre duas perdas lastimáveis em sua vida, primeiro a de sua família e segundo de sua amada esposa todas pelas mãos da repressão inglesa. Mesmo diante de adversidades tão grandes em sua vida, sabendo que a mesma poderia simplesmente perder o sentido ele soube com seu espírito manter-se em pé e mais que isso, vislumbrar o horizonte, manter-se fiel ao seu sonho patriota de liberdade. Mesmo com estas perdas Wallace soube equilibrar-se e seguir em frente com sua vida e sua utopia e isso é característica essencial daqueles grandes na vida. Apesar das lágrimas e da tristeza, Wallace ergue a cabeça e mantém-se fiel a levar a justiça e a liberdade ao seu povo para que tais atos não mais se repitam e ela possa também ficar em paz, livre dentro de suas terras junto ao povo escocês. Quando viu-se cercado de nobres que mais queriam comprá-lo ou usar de seu prestígio com o povo para a ascensão de famílias ao poder sentiu nojo. As vitórias que havia conseguido com seu sangue e o sangue de camponeses e homens que queriam a liberdade estavam sendo usadas como moeda de troca e jogos de poder. Tentou em vão convencer as cobras esguias da nobreza de que a união era a única saída, e os nobres, mais preocupados em manterem sua posição e recursos materiais negaram-se e traíram não só Wallace mas a causa escocesa duas vezes. Mesmo após tantas traições e uma derrota horrenda em batalha, Wallace ergueu-se novamente graças a seu espírito e grandiosidade. Novamente enfrentando tais adversidades manteve-se fiel ao seu sonho de liberdade e a causa escocesa pois sabia que sem a mesma a vida não teria sentido e portanto, mais valeria morrer tentando aquilo do que manter-se submisso ao que mais odiava. Chegou a caçar dois dos nobres que haviam traído o povo escocês. Eventualmente sofreu a segunda traição aonde em suposto tratado de união entre os clãs da nobreza e o exército escocês foi capturado e entregue aos ingleses. Defendeu a causa até seu último momento aonde negou-se pedir misericórdia ou jurar lealdade a aqueles que sempre oprimiram seu povo. Ainda preso, Wallace sente-se com medo da morte e apela para que Murien lhe dê forças para passar por aquilo. Encarando a morte de frente, Wallace então morre torturado levando até seu último suspiro o grito de liberdade escocês e no seu pensamento carrega o amor que recebeu de sua mulher, eventualmente unindo-se a ela na morte e deixando seu legado nas mãos de Robert the Bruce, que daria continuidade a luta e eventualmente tornaria-se Rei da Escócia.

    A capacidade essencial de um caráter verdadeiro é esta que Wallace encarna perfeitamente no filme: manter-se fiel a aquilo que acreditamos e vemos como certo. Mesmo diante de tentativas de compra, mesmo diante de adversidades e mesmo diante do medo ou até da morte seguir aquilo que o coração nos diz que é o certo. Eis aí a chave essencial. Não enxergo um homem como homem sem que o mesmo exerça seu caráter. A capacidade de reerguer-se e novamente voltar a batalha também é admirável no personagem e essencial na vida. Apesar das derrotas e das perdas irreparáveis ainda assim houve força para seguir com sua causa verdadeira até o fim. Que homem pode ser considerado homem se fraqueja diante das perdas ou lamenta-se eternamente diante da perda ou do fracasso? Não, olhar para frente e concretizar seu sonho, fazer suas metas acontecerem não importa o que. Não obstante, o personagem faz uso de sua força não para submeter aqueles na sua volta mas sim para emancipá-los e protegê-los. Não visa a submissão nem o poder: apenas o bem daqueles que compartilham de sua mesma utopia. Disposto a dar sua vida por aquilo que acreditava ser o certo e encarando as dificuldades de sua vida e na batalha com o peito aberto e com a cabeça erguida utilizou-se da força do amor e de seu coração para fazer de tudo para concretizar aquilo que era sua utopia máxima, e mesmo sem vê-la ocorreu posteriormente graças aos seus esforços. Foi fiel a sí mesmo e portanto morreu feliz mesmo em tortura.

    Me surpreende que quando se fala coisas de confiança, caráter, honra ou fidelidade se enxerga tudo como “um ideal” ou “utópico”. Tamanha nossa organização hoje como sociedade supostamente moderníssima que adotar posturas reais de comprometimento com um bem maior, envolvendo sacrifício próprio ou pelo outro torna-se extremamente suspeito ou até alienígena! Realmente chegamos ao ponto de se perder isto? Outra coisa que eu consigo “linkar” do filme é como algumas coisas se repetem ainda hoje. Quando se tenta a revolução, quando se tenta a mudança e quando se tenta a verdadeira liberdade ocorrem coisas exatamente idênticas as do filme: pessoas (ou classes) com privilégios, com medo de perdê-los e chegar a igualdade passam a defender ideais muito além daqueles que a maioria deseja apenas para manter aquilo que têm. Pasmo ainda com tamanha convicção que adota-se determinadas posturas para se manter o tal do “status quo” funcionando, afinal, “está tudo bem para mim”. Traição, quebra de valores próprios, jogos e poder... tudo para manter seus privilégios e posição que normalmente, é sustentada por aqueles que tentam libertarem-se. Mas aqueles sem dignidade nenhuma como ser, mantém a mão fechada para manterem sua posição (isso se vê até mesmo em relacionamentos íntimos não? Um quer libertar-se e outro não deixa, só para manter a posição). É interessante que mesmo com toda a história ainda assim vivemos pela dominação daquele que supostamente é o mais forte. Hoje porém o controle torna-se muito mais sutil do que pela utilização da “Prima Nocte” por exemplo. A sutilidade encontra-se em nossas cabeças. Nossas ideias, aquilo que achamos que vêm do nosso mais íntimo acabam por serem acorrentadas por maneiras tendenciosas de se manter as coisas como estão, pois é interesse dos poucos mudá-las. A nobreza saiu, mas a repressão pelos outros se mantém.

Coração Valente ensinou-me muito sobre as maneiras que devemos conduzir nossas vidas e especialmente, como exercer de verdade um caráter bom e positivo, não para sí mas também como ferramente para mudar as coisas que estão em sua volta e tornar-me completo como ser.

Sobre a loucura

 Bom olá visitante!
Com algumas experiências que tive esse semestre, especificamente na disciplina Psicologia Diferencial/Esquizoanálise tive a oportunidade de dar início a um processo de reflexão sobre a loucura e o que é ser louco. Após assistir o filme "Um estranho no ninho" fui tomado pela ânisa de refletir e elaborar alguma coisa sobre a loucura. O resultado foi este texto de 6 páginas. Sim, eu sei, é longo e isso é um blog. Mas se você tiver interesse ou paciência para ler garanto que de nada é em vão :P
O texto falará por si só! Ele está dividido em uma parte introdutória da minha reflexão, seguido por um resgate histórico da loucura e a maneira como se lidava com ela desde a Grécia até os dias de hoje e por fim faço uso da psicanálise de maneira breve e provavelmente limitada em termos de conceitos para mostrar o quanto a loucura não pode ser vista como algo à parte, mas que faz parte de nós.

B|om, se você não estiver afim de ler, deixo também um pequeno pensamento escrito pelo meu pai, que vai muito de encontro com o que coloquei neste texto que fiz. Espero que a leitura tenha ajudado em qualquer tipo de reflexão ou pensamento, este é o intuito! Um abração pro meu pai também! :)

Link do Texto:

Sobre a Loucura.doc


 Reflexão por meu pai:

"a força do real, filho, provém do que existe de mais sagrado na humanidade...
o eu real...
que se comunica(que se manifesta), através da consciência(pura e ingênua)...
pela serenidade mental, pela paz interior, pela amizade sincera, pelo amor verdadeiro, pela compaixão coletiva, pela solidariedade espiritual(universal)....

o eu imaginário...
se manifesta...
pela força incomensurável...
da razão humana...
destemida...
descrente...
despojada...
superficial...
artificial...
individual... enfim...
construída e desenvolvida pela cultura judaíco-cristã, para abafar o eu real - emocional, interior e espiritual(universal) -
(a quem somente os iluminados ou habilitados poderão usufruí-la)
ela impede...
com inacreditável habilidade e competência...e alguns séculos de experiência...
o elo puro, a comunhão, entre o que pensamos e o que sentimos...

eis a incrédula contradição de uma já desgastada ordem humana e psíquica(familiar, social e financeira)...
ao promover... a um só tempo...
uma extraordinária evolução de sua inteligência racional...
dialéticamente interligada a sua incompreensível e incontestável decadência emocional, afetiva e espiritual(universal)...
naturalmente...
essa ordem psíquicamente racionalista...
desconfia...ainda hoje...
da própria psicologia enquanto ciência das emoções...
e o papel fundamental dos jovens psicólogos...
na construção de um mundo melhor...
mais sóbrio...
mais justo...
mais equilibrado...
mais alegre...
mais feliz....
e não apenas como melhoradores de planilhas...
de vendas ou de satisfação...de clientes ou empregados.... "

Auto-biografia em cinco capítulos

Bom, fiquei um tempo sem postar mas não porque parei de escrever, pelo contrário, acabei escrevendo de maneira paralela sobre 3 assuntos diferentes, mas ainda não os coloquei aqui. Por isso, decidi deixar aqui este pequeno texto que achei na internet: Auto-biografia em 5 capítulos. Apesar de simples a mensagem é muito boa. Sou fã de mensagens curtas mas impactantes ou que nos façam refletir.

Autobiografia em 5 capítulos

1) Ando pela rua . Há um buraco fundo na calçada . Eu caio
Estou perdido... sem esperança. Não é culpa minha.
Levo muito tempo para encontrar a saída.
 
2) Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha.
Ainda assim levo um tempão para sair.
 
3) Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou
É minha culpa. Saio imediatamente.
 
4) Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.
 
5) Ando por outra rua.
 
Está no livro "O livro tibetano do viver e do morrer"de Sogyal Rinpoche 
Eai, gostaram? :)
Bom, queria também falar sobre um grande homem que é o Gustavo. Recentemente recebi a maravilhosa proposta deste meu amigo para intercalarmos nossos textos e refletirmos juntos sobre ceertos aspectos, em especial aos temas de saúde e também da arte visto que são assuntos que temos em comum dada as graduações de gustavo e a minha, mais o projeto dos terapeutas da alegria ao qual fazemos parte. Ao comentar sobre o que escrevi em "O que te faz levantar e viver a vida" Gustavo fez uma outra proposta, a qual pasmei ao ler seu texto, tinha esquecido! Não falei em momento algum sobre nossas amizades e o papel que elas tem em assegurar-me toda uma existência de lutas e conquistas, quedas e superação. Um dos meus escritos paralelos é justamente então sobre amizade, tema ao qual pensei mais em especial devido a proposta de Gustavo. Deixo aqui o blog do Gustavo para que se possa contemplar experiências muito bacanas e entender os diálogos que poderemos fazer! Valeu Gustavo!
http://wellnessclub.com.br/rede/mente/forca-das-amizades


Adios!