Bom este filme torna-se interessante por muitos motivos para mim mas o que eu acho válido expor aqui é a questão de que comportamentos são adquiridos ao longo de nossa vida. Ainda que possamos nascer já com mecanismos comportamentais (como nosso sistema de luta ou fuga) devido a nossa herança filogenética boa parte de nosso repertório é adquirido ao longo de nossas vidas, sendo modificado cotidianamente enquanto interagimos com o meio que estamos lidando. Chama-me atenção encararmos o comportamento humano desta maneira o fato de que ao adotarmos este pressuposto (tirado da corrente behaviorista) podemos entender porque alguns comportamentos ocorrem e, ao mesmo tempo, podemos sempre encarar com um viés de possibilidades: embora seja assim hoje podemos certamente mudá-lo para o amanhã; É uma questão de modificar o comportamento. Sair deste “engessamento” nos possibilita análises muito mais amplas como por exemplo a respeito das tais “doenças mentais” que estamos acostumados a ouvir falar. Poder sair de um viés estagnado de que a pessoa “é” esquizofrênica porque nasceu com problemas em seu cérebro e que será assim sempre e passarmos a entender que um diagnóstico como a esquizofrenia desenvolve-se ao longo da história de vida do organismo e sua relação com o meio ambiente abre portas para uma nova maneira de compreender e entender o homem e sua relação com o meio em que está inserido, inclusive de perspectivas muito mais humanistas. Não obstante podemos finalmente abrir espaço para saírmos de uma análise individualizada e culpabilizadora das pessoas (ele é doente, ele é fraco, ele ruim, ele é malvado) para entrarmos em uma gama onde o meio em que ela desenvolveu-se (como por exemplo, a família, a sociedade, cultura, sistema econômico..) tem as causas primordiais de seu repertório comportamental hoje e que, é também no meio que devemos realizar intervenções e não apenas em pessoas isoladamente (como excluir os “loucos” por exemplo). No filme percebemos que o terapeuta aproxima-se de Will e explicita para ele que não é culpa dele ele ser assim hoje. E de fato não o é: ele esteve sujeito a um ambiente repressor e punitivo que o ensinou a evitar o contato com as pessoas. Isto é um grande passo para compreendermos muitos diagnosticos relacionados a saúde mental hoje. Seria mesmo a depressão, esquizofrenia, drogas um problema dos “fracos” e dos “medíocres” ou consequências de um modo de viver e relcionar-se?
Gosto desta perspectiva e das possibilidades que ela nos traz. Desde muito cedo pra mim é inconcebível afirmações do gênero “sempre foi assim e por isso continuará sendo” ou 'não adianta fazer nada porque as coisas são assim”. Encontrar isto dentro de minha área de estudos é como achar um oásis em um deserto. Minhas perspectivas de trabalho vão neste sentido: no de mudança, transformação, quebra de conceitos ultrapassados e constante renovação do conhecimento e sua utilização.
Um abraço e feliz 2011!
Na verdade ele é condenado a pagar 50 mil dolares! Não 50 anos!
ResponderExcluirMuito bom o Filme.
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