Finalmente reiniciaram-se as aulas! É bom saber que neste semestre terei contato com 2 excelentes professores que recebem elogios pelos corredores pela sua didática e compromisso. Logo de início tive contato com um texto do Paulo Freire que trata sobre o estudo. Ele coloca: “O Ato de estudar é uma maneira de posicionar-se perante o mundo”. Enquanto lia e exercia minha crítica e formulação de conhecimento iniciei uma reflexão sobre algo que eu me pego pensando frequentemente: estou estudando pra quê? Por quê estou aqui querendo um diploma de psicologia? O que vou fazer quando me formar? Quais serão meus compromissos reais como profissional de ensino superior com meu país e como vou contribuir para sua melhora? Decidi então escrever um pouco sobre isto.
Entendo que como parte da minoria intelectual de ensino superior no meu país assumo uma posição privilegiada mas ao mesmo tempo dotada de uma responsabilidade para com os outros muito superior do que achava. Ao formar-me psicólogo em uma instituição pública de ensino assumo também o compromisso da mudança e do respaldo a sociedade e seu aprimoramento através da ferramenta que estou (espero) aprendendo a manejar e a lapidar de forma que fique perfeita: o conhecimento. O que farei com o que tenho aprendido no âmbito universitário? De que forma vou utilizar o conhecimento como uma nova ferramenta tanto de produção quanto construção contínua de uma realidade mais coerente, justa e positiva? Me assusta que poucos dos meus professores tocaram isto em aula. Tenho assimilado muito conteúdo mas pouco tenho recebido orientações de como transformar toda esta informação em algo útil e produtivo cabendo a mim e minhas experiências apenas (salvo exceções) tentar tornar todas estas ideias mais coesas e coerentes com a realidade nacional que vivemos. O fato é que na instituição que me encontro pouco têm se trabalhado a crítica em sala de aula. Aprendemos muito conteudo mas pouco dividimos ou aprendemos a dividir o mesmo de uma maneira construtiva e emancipadora. Aprendemos facilmente a vestirmos a capa de um clínico ou profissional psicólogo detentor do conhecimento e da verdade que pode facilmente fechar-se em um ativismo com pouco ou nenhum compromisso com a mudança e a liberdade real dos indivíduos que confiam e confiarão em nossas palavras ou em nossa produção científica e acadêmica. Pouco aprendemos a utilizar nosso privilégio de ensino superior como inseparável da responsabilidade de proporcionar condições efetivas e concretas para a mudança de nosso país. É uma pena que esta seja a realidade que percebo hoje no ensino superior. Felizmente ainda assim aprendi a ter este tipo de valor e noção mínima de responsável como futuro profissional. Não foi na sala de aula (com exceção de professores como os que mencionei inicialmente no texto) mas sim movimentando-me. Aprendi com meus colegas, estes igualmente insatisfeitos com as condições reais e concretas da nossa formação que em conjunto conseguiram e ainda conseguem me adicionar muitas coisas e em especial a desenvolver um grande senso e olhar crítico para o real e como o mesmo se dá hoje em dia , condição essencial para que se possa desenvolver um trabalho ou pesquisa emancipadora de fato daqueles que poderão desfruta-la direta ou indiretamente.
Diante disto tudo aprendi de maneira reforçadora aquilo que sempre acreditei: somos responsáveis pela nossa história e pela mudança. É o/a homem/mulher nas suas condições reais e concretas, com aquilo que tem disponível que move o mundo e o transforma com seu trabalho e esforço (seja ele físico ou intelectual um não anula muito menos é superior que o outro), cria, desconstrói e aprimora. Não é o tempo, não é a educação, não é a política que vai mudar tudo. Somos nós, através de nossos posicionamentos e das nossas atitudes que vamos construir e comandar coisas tal como citei anteriormente pois são fruto da ação humana e de seu posicionamento diante da realidade que se têm e que se almeja ter. É pensando assim que sigo minha graduação, tendo sempre o norte e a responsabilidade de utilizar meu conhecimento para interferir diretamente na realidade e alterá-la, sempre para o melhor e sempre para o bem-estar.
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