Dia Nacional da luta antimanicomial: um lembrete e uma sugestão de leitura



O dia 18 de maio é uma data especial. Para quem não sabe, no dia 18 de maio comemoramos o dia nacional da luta antimanicomial.


Desde a consolidação do SUS, demoramos 12 anos para que junto desse sistema fosse aprovada a lei 10.216, que institui a reforma psiquiátrica e tem em seu seio a ideia da extinção dos manicômios e das internações vitalícias e que propõe a consolidação de uma rede alternativa que dê conta da desinstitucionalização e também da saúde mental. Visando romper com a exclusão e instaurar uma nova ética baseada no respeito e compreensão das diferenças, se tem lutado desde então nas ruas, conselhos de saúde e congressos para que não se dê mais “ni un paso atrás” em relação à consolidação do SUS e de uma rede diferenciada de atenção psicossocial e de atenção à saúde mental.

Tivemos avanços absurdos desde que houve esta conquista e as pessoas em sofrimento pudessem ter uma atenção digna e pautada na ideia de direitos humanos, liberdade e socialização. Tão inegável quanto esta primeira afirmação é também a noção de que tudo isso se consolida com dificuldades, donde se enfrentam cada vez mais ofensivas que visam destruir ou fragilizar toda este rede e sistema através da precarização, terceirização e uso excessivo de medicamentos como forma única, rápida e universal de lidar com a loucura. 


Se houve um desafio tão gigante além do da criação do SUS, talvez o seja tão dificultoso consolidá-lo. E se houve um desafio tão audacioso quanto fechar os manicômios, talvez o seja agora ainda mais desafiador destruir a institucionalização dentro das pessoas. Os manicômios estão indo embora fisicamente, já faz tempo. Mas ainda estão imperantes em boa parte dos serviços que se propõem a lidar com a loucura. A lógica manicomial da exclusão física e social continua presente em indivíduos que passam tardes dopados sem terem aonde ir e o que faze ou em uma sociedade que permance resistente contra as diferenças, cada vez mais tentando, de forma um tanto dramática, as caracterizar como uma espécie de "nova forma de  opressão das minorias" e todos os variantes.

A luta antimanicomial é a luta pelas diferenças. É a luta pela democracia. É a luta pela liberdade individual e coletiva. É a luta pelo protagonismo. Ela não é a luta pela normalidade, mas por sua constante subversão e questionamento. Que este dia seja sempre comemorado como memória mas também como perspectiva, para que sempre saibamos que o movimento avança, mas não para!
Para fins de formação, deixo aqui um link para um capítulo do livro de Franco basaglia chamado "A instituição negada", leitura fundamental para todos nós partidários desta causa. Percebam como aprincipal missão, que é destruir o manicômio dentro de todos nós, ainda se faz imperante e só pode ser vencida para além da técnica, adentrando na política.

POR UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS.
VIVA O 18 DE MAIO!
VIVA O SUS!


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