5 anos de blog

No início de fevereiro de 2010, por influência de um de meus melhores amigos, decidi criar um blog. Foi uma sugestão simples, pois ele sabia que eu gostava de escrever e me sugeriu adentrar neste mundo virtual e fazer registros de meus textos. E então, como quem não quer nada, criei e continuei escrevendo despretensiosamente nele ao longo destes anos, muito mais para mim e como um exercício pessoal do que qualquer outra coisa. E passaram-se quase 5 anos. Acho que vale uma reflexão.

Graduei-me recentemente, em agosto de 2014. Somado a isto, o fenômeno das redes sociais e da web em geral tem cada vez mais demonstrado sua força. Força esta que tem tornado mais acessível e  mais fácil seus textos ou informações pessoais chegarem aos olhos de curiosos ou pessoas interessadas em um determinado tema comum ao seu. Se por um lado hoje temos certa liberdade de escrever "o que quiser" e jogar na rede sem saber bem no que vai dar, por outro isto o torna cada vez mais responsável pelas coisas que diz ou escreve. Isto faz com que seja preciso termos o máximo de consciência possível a respeito do que queremos e onde se quer chegar quando se lança um texto na internet. Pessoalmente, estou menos preocupado com o aspecto legal desta responsabilidade e mais por seu aspecto pedagógico. Guiado por esta linha de raciocínio, meu primeiro pensamento foi o de deletar todos meus textos antigos. Fiquei receoso que fossem ofensivos ou que me expusessem demais na rede. Queria tornar meu blog asséptico. Limpo e neutro, estritamente profissional. Minha pretensão era transformá-lo em mais um destes blogs "bonitinhos" de psicologia, com um teor mais formal. Do tipo "terapeuta clássico", de um ser mítico que é imune à  necessidade humana de falar o que pensa ou sente. Sim, caro leitor: eu quase vesti a casaca dessa tola ideia de um terapeuta digno do mundo das ideias perfeitas de Platão.

Ainda bem que desisti!

Uma das incumbências mais importantes de um graduado em ensino superior é justamente a da transformação social. Ela perpassa por vários campos e um deles é justamente o da formação de opinião e/ou potencialização do raciocínio crítico. Para isso, ele deve expor sua opinião, deve refletir. Ao realizar tal ato, pode funcionar como um  jardineiro que fertiliza o solo comum para que germine reflexão e o raciocínio humano. Ele pode ser um excelente veículo da contradição e, através dela, estimular o choque de ideias e seu consequente desenvolvimento e transformação. Esta é uma função, acima de tudo, política - além de ser um campo em que eu gosto de estar presente.

Baseado tanto na reflexão anterior a respeito deste lugar do psicoterapeuta e nesta última, optei por manter algumas de minhas postagens mais antigas. Algumas opiniões, lendo hoje, eu não compartilho mais. Muitas outras eu ainda concordo e consegui levar adiante. Todas, se eu fosse escrever hoje, talvez faria de forma diferente. Estes últimos aspectos também me fizeram manter as postagens, pois me possibilitaram traçar estas mudanças que vamos tendo. Dito isto, finalizo dizendo que eu realmente vou tornar o uso deste blog menos particular (no sentido de exposições própria) e mais político (exposição de opinião). Mas que manterei ele como um veículo de suscitar concordâncias e discordâncias.