Em 2018, difícil comemorar com tanta alegria.
Em tempos onde prepondera o poder gerencialista, querendo sempre direcionar tudo (inclusive a "qualidade de vida no trabalho") à produção incessante;
Em tempos em que se acredita em ideologia de gênero, inclusive dentro da própria categoria;
Em tempos em que fui questionado se era um psicólogo adventista, pois se buscava um profissional com a mesma moral da família, visto que a filha estava indo em um psicólogo e causando conflitos em casa por causa disso;
Em tempos onde as ciências humanas são descredenciadas todos os dias;
Em tempos em que Psicólogxs falam que "bandido bom é bandido morto";
São vários os exemplos. Somos uma boa categoria, que esteve junto de vários movimentos sociais e construindo a redemocratização do país. Temos bastante arcabouço teórico e prático para colocar em questão a sociedade, seus modos de funcionamento ou como ela fabrica (e demanda) subjetividades específicas. Ao mesmo tempo, nascemos e nos fundamentamos na normalização/adequação das pessoas à sociedade.
Porém, sinto que em alguns momentos estamos indo léguas para trás. Para além de readequar as pessoas, vejo a categoria se enveredando em discursos de ódio que não só adequam às pessoas, mas fazem girar a engrenagem de fazer morrer (inclusive através do fazer viver) com uma velocidade absurda.
Eu acho que são tempos de sabotagem. Colocar o sapatinho na engrenagem segue sendo radical, por mais que não estejamos hoje necessariamente operando engrenagens físicas. Espero nesse dia mais comunhão entre meus pares progressistas, para que não retornemos para um estado decadente d categoria, que já não anda bem apesar dos esforços.