No dia 15 de Maio, tivemos outra manifestação histórica (#15M). Foi o segundo grande levante com críticas ao atual presidente e seu projeto retrógrado de governo, sendo o primeiro deles protagonizado pelo movimento feminista com o mote #elenao. Os grandes atos do dia 15 tinham como ponto central “Educação Pública e de Qualidade”, partindo do entendimento de que a deve ser mantida e defendida pelo Estado. Isto significa que se trata de compreendê-la como um direito conquistado. O que implica, também, em entendê-la como estratégica em um projeto de país.
Ainda que a pauta central tenha sido os cortes na educação, o pano de fundo era a linha da defesa da democracia e suas conquistas, algo tranquilamente identificável na medida em que se caminhava com o povo: bandeiras LGBT, materiais e palavras de ordem contra a reforma da previdência, exercício de memória de Marielle Franco, contra o golpe, contra a reforma trabalhista, sindicatos, partidos, professores etc. Podemos dizer que se trata de uma pauta de interesse daqueles que se dizem nacionalistas, pois está em questão a defesa das conquistas políticas do povo de nosso país e a importância de nossa autonomia na dinâmica da produção de conhecimentos local e global.
Por isso, não é a toa que a direita ficou com medo! Nessa manifestação não estavam só pessoas com algum engajamento prévio de militância. Estavam lá pessoas que usufruíram desse direito (educação pública custeada pelo Estado) e por isso faziam questão de estar lá para sustentar sua defesa. O exercício militante, que inclui participar desse tipo de marcha, carrega também um elemento formativo: viver junto dos outros essa marcha facilita a transversalidade de pautas que nem sempre se cruzam em abstrato. O governo teme a solidariedade entre uma esquerda ainda fragmentada e por vezes difusa entre progressistas e até liberais que se vêem hoje no país acusados serem de esquerda, apenas por terem noções básicas sobre capitalismo.
Não demorou para essa direita acuada ativar sua militância a partir de seus elementos centrais: ódio e mentira. A linha de argumentação básica dos imbecis se resumiu a dizer que o ato era “político demais” porque tinha partidos (talvez o seu disco mais arranhado de tão repetido) e a fomentação de argumentos falaciosos e mentirosos, como buscar deslegitimar as pessoas que estavam se manifestando dizendo que elas não fizeram o mesmo nos governos do PT (uma mentira sem tamanho).
O primeiro ponto é uma espécie de dissonância cognitiva ou simplesmente argumentação de má fé. Quem não lembra que partidos políticos financiavam as manifestações a favor do impeachment? Quem não lembra de políticos partidários subindo em palanques e falando? Quem não viu toda a corja direitosa se filiando em siglas para ser eleita? Quem ainda consegue, em pleno 2019 e com tamanha polarização no país, achar que existe manifestação que não seja política? Será que se um de seus lideres (agora eleitos) ou seus movimentos (todos com vínculos partidários) aparecessem em um ato político, seriam expulsos? Será que achariam uma maravilha ou ficaram incomodados?
Francamente, aos ingênuos e não aos canalhas: se vocês são contra os cortes na educação o que faz mais sentido? Aceitar essa argumentação falsa dos governistas ou estar do lado de quem está agindo contra os cortes? De resto, é claro que a esquerda partidária e organizada estava na marcha! É ela e seus outros setores que historicamente defenderam e defendem a educação como um direito e não como uma mercadoria! Isso é um fato indiscutível, quem defende a educação nos termos em que está posto para parte do povo (que se trata de um direito e de que é necessário que siga assim) É E SEMPRE FOI A ESQUERDA. Eis um dos motivos do medo da direita: ver suas mentiras se esfarelando na medida em que o que define o real é a prática e não mensagens falsas.
O segundo ponto da direita é cobrar de que não havia militância quando o PT estava no governo. Quem viveu na universidade nos anos petistas sabe o quanto isso é falso. Primeiro, porque era notável que havia um aumento do investimento nessas instituições por todos os segmentos: os estudantes viajavam mais para seus congressos, aumentam-se os benefícios estudantis, havia material para os professores e técnicos trabalharem etc. Ao mesmo tempo, nos momentos de desmonte, se faziam inúmeros levantes e protestos, QUE PRONTAMENTE ERAM CRITICADOS COMO “BALBÚRDIA” POR TODOS OS QUE HOJE QUEREM APONTAR O DEDO E DIZER QUE NÃO HAVIA MANIFESTAÇÃO! A canalhice desses segmentos não tem limite algum e é triste que parte da população se deixe levar por um ódio completamente quimérico.
