NOSTALGIA-AÇÃO NA QUARENTENA



Hoje o facebook me lembrou dessa foto, creio que de 2011 ou 2012. Nesse dia estávamos no famigerado bosque do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina: lugar de maconheiros, bruxas, comunistas, “degenerados sexuais”, poetas e poetisas - todos eles cientistas, estudantes ávidos e em busca de um pensamento próprio!
Nessa foto estávamos realizando mais uma comemoração do dia 18 de maio antimanicomial no formato de um lindo sarau. Creio que estava assistindo alguma apresentação e quem fez a fotografia conseguiu capturar um desses momentos raros da minha existência que é estar publicamente relaxado e sendo levado por algo outro: uma espécie de transe da ordem do coletivo que é ativado por outras vias que não uma racionalização plena e ordenada do que se passa.

A nostalgia bate. Época em que estava não só organizando e ajudando a produzir esse tipo de intervenção na universidade, como também estava afinadíssimo com um bom marxismo-leninismo que contava com graúdas pitadas de uma coisa meio hippie-cult muito singular do grupo com o qual eu estava organizado politicamente na época. Concomitante a isso devia estar na minha terceira ou quarta campanha política pelo Centro Acadêmico Livre de Psicologia e pelo Diretório Central dos Estudantes. Estava cercado de pessoas lindas em todos os aspectos possíveis do adjetivo! Uma lindeza potencializada por um tesão compartilhado de estar juntos pra fazer frente ao sistema de forma organizada: quem cair é levantado, alguém toma o lugar o ou a camarada se recupera e a frente segue organizada.
Estar organizado. Faz o que? Uns 5 ou 6 anos que eu não estou mais organizado e eu sinto falta. Que faço ou fiz frente ao sistema é real, meu corpo segue me guiando dessa maneira e fazendo agenciamentos nesse sentido. Mas faz falta a análise de conjuntura, o agrupamento em dias que supostamente eram de descanso e que são utilizados pra fazer análise política. Imprescindível estar organizado, seja na forma “partido” ou qualquer outra. A constância e a disciplina são essenciais na luta pelo poder, visto que ser meramente contra ele basta pouco.