CRÔNICAS EM TEMPOS DE GOLPE - CRISE(s) I


Em alguns momentos, o homo oeconomicus (aquele problematizado por Foucault) é ativado. Ele me faz questionar se eu devia fazer aqui e/ou em outras redes uma retrospectiva no intuito de vender uma imagem específica usando o que eu fiz ao longo do ano, os lugares que visitei, ganhos físicos, materiais, intelectuais, fotos bem feitas etc. Enfim: a possibilidade de construir uma imagem rentável pra mim e para o sistema; constituir a ideia de um Luís Bagé específica, de sucesso, sempre pra frente. Ser humano produtivo, vencedor, resiliente, lutador, militante (de sucesso) etc.

E eu sempre travo. Não dá pra mim, nunca fui de me expor dessa forma. Fazer de mim mesmo um valor nunca fez sentido e talvez eu sucumba socialmente por isso, vai saber... Não sou um cara das fotos, dos vídeos, dessa política estética virtualesca. Participo com prazer quando junto de outras pessoas, mas raramente vejo sentido em tirar uma selfie, por exemplo.

Tão pouco eu (paradoxalmente, por escrever isso na forma de postagem que é uma exposição) questiono e nem julgo individualmente esse tipo de comportamento. Tem uma mescla aí que faz parte e outra que nem tanto.

Voltando ao que eu disse, talvez nunca sejam os gestos em si, mas como a finalidade deles é modulada. Eu me sinto em dívida por não fazer propagandas de mim mesmo.

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