Hoje resolvi sentar na rua. Fui fazer compras e decidi que precisava sentar um pouco em outro lugar que não fosse a cadeira do meu quarto. Escolhi uns degraus isolados do Shopping Total e sem nenhuma vergonha abaixei minha máscara, pra sentir o vento na minha cara. Sozinho e distante de todos, cada brisa no meu bigode era uma lembrança que me acometia e me vi perdido entre sorrisos e tristezas.
Lembrei de mim mesmo menor, distante. Um pequenino vir-a-ser que por menor que fosse tinha disposições a brigar, mesmo lamentando os efeitos da violência. Gosto dessa foto em especial: faz eu lembrar dos meus tios e dos meus avós. Ao fundo está um jipe que só quem me viu crescer pode dimensionar a importância, pois por muitas horas me viram pedalando. Na minha direita está a Pelica. Uma cadela Collie, que eventualmente sumiu e sempre me perguntei se foi porque parei de ir ver ela “lá fora”.
Lembro dos meus tios felizes, fazíamos limonadas e eventualmente um cordeiro. Lembro das alegrias e tristezas deles, mas sobretudo de como me tratavam como se eu fosse filho deles. Lembro dos avós, porque estavam lá retribuindo os sorrisos e incentivando o movimento de “ser mais” que habita em mim.
Hoje sentei solitário, mas a Pelica está do meu lado, assim como outros cães parceiros que tive. Também estão tios, avós e familiares importantes. A quarentena tem dessas coisas: o distanciamento físico parece absurdo, mas é verdade que nenhuma distância física vence a presença no coração. Com saudades e com força, um abraço.

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