O que te faz levantar e viver cada dia?

Uôô... pergunta profunda não?
Eis que enquanto estava lendo um fórum virtual que frequento que normalmente aborda questões e filosofias masculinas me deparei com este questionamento.
Não minto, com certeza da natureza pensativa que tenho já devo ter parado diversas vezes pra pensar isso mas nunca concretizei em uma escrita. Eis que agora estou aqui escrevendo isso... o que diabos me faz continuar vivendo essa vida minha que considero maravilhosa?

O que eu sinto é que eu sei a respostas, mas não sei se conseguiria colocar ela em palavras e em uma linha de pensamento concreta, contínua. Normalmente consigo definir e enquadrar as coisas sem muita dificuldade... minha mente em um geral, pensa dessa maneira bem “quadrada” mas da qual não abro mão. Mas esse sentimento que vem em mim quando começo a pensar no que me faz levantar e viver cada dia eu sei o que é, e talvez se eu investigar ele consiga chegar numa resposta boa. O que eu sinto em mim quando essa pergunta me vêm em mente é uma palpitação forte no meu coração, um sentimento de ação, atividade, força e energia. Eu sinto uma enorme paixão quando faço esse tipo de reflexão. Essa paixão certamente é o combustível mais potencial que carrego dentro de mim porque é através dela que consigo toda e qualquer energia para seguir adiante com meus objetivos, mas isso comentarei mais a frente. Investigando isso, posso dizer que na minha vida existem duas coisas que geram em mim a paixão mais pura e quente de todas: estudar Psicologia e a atividade política/militância.

A Psicologia desde minha pré-adolescência pairava sobre minha mente junto com a filosofia a medida que ia me questionando e me interessando tanto pelos assuntos psicológicos/comportamentais quanto as questões da nossa vida: escolhas, emoções, pensamentos, aprendizagem... quando estou lendo e/ou discutindo algo realmente relacionado a isso este sentimento toma conta de mim e me fornece pura energia e força para pensar e acumular este tipo de conhecimento da melhor maneira possível. Expande minha cabeça, me faz bem e me faz sentir completo de certa maneira. Com exceção de uma ou outra aula cansativa e realmente desinteressante não demora muito para que eu seja tomado por esse sentimento gostoso ao qual me apego muito e passo a produzir diversas maneiras de elaboração de reflexão e posteriormente, conhecimento visando analisar a realidade com base nas teorias que aprendi.
A política também, em especial a militância me causa este tipo de sentimento de maneira inigualável junto com a psicologia. Quando paro para pensar no que acontece no mundo (o mundo de verdade e não ilusório de uma classe social privilegiada como a minha) e especialmente, quando paro e me vejo como parte da pequena parcela brasileira que teve acesso ao ensino superior sou tomado por este sentimento novamente. Me sinto vigorado, visionário... altamente estimulado. Sinto a força para fazer acontecer as mudanças e essa força ao mesmo tempo me guia para novamente adquirir o máximo de conhecimento possível e principalmente o que diabos farei com esse conhecimento pra definitivamente pensar e propor uma realidade NOVA para todos os outros seres humanos. O questionamento e a cobrança que me faço é (em berros dentro da minha cabeça) “QUE DIABOS VOCÊ PSICOLOGOZINHO DE MERDA VAI FAZER PRA MUDAR A VIDA E O QUE ESTÁ ERRADO? ALIÁS, TU TENS NOÇÃO DO QUE ESTÁ ERRADO? TEU CONHECIMENTO VAI SERVIR PRA QUE?”. A medida que este tipo de cobrança surge em minha mente a paixão me toma conta e me sinto confiante para seguir adiante, tomar minhas posições, analisar e dizer o que acho errado e pensar no que fazer. Durante minha participação em movimentos sociais esse sentimento novamente toma conta de mim e me fazia sentir uno não necessariamente com as pessoas, mas uno com a causa: a de uma melhora nas nossas vidas e na dos outros. Assistir documentários, ler sobre a sociedade... até mesmo caminhar na rua ou conversar com trabalhadores me faz pensar neste tipo de coisa, me faz sentir essa paixão, ânsia por uma atitude e vontade de fazer acontecer. A cobrança, de como cidadão e principalmente como ser humano, do que farei para retribuir não só esses que pagam minha formação mas a sociedade num geral que necessita de melhoras efetivas. Como o pensamento e certas ações desencadeiam nesta paixão a tomada de atitudes pra mim é essencial, portanto, logo me junto ao movimento estudantil para arranjar espaços de atuação.

O que me faz levantar pra viver é essencialmente paixão. Paixão pelo que eu faço, pelo que posso fazer. E é um ciclo interminável: cada livro que eu leio a chama acende-se mais e mais eu busco, cada questionamento que eu elaboro me motiva mais e mais eu penso/produzo, cada vivência me completa cada vez mais. Essa vontade, sede incessante de mudar e de saber. Além da certeza da morte posso dizer certamente que vou morrer sentindo isso e que vou viver eternamente neste estado. Estado este que me faz bem, pois acima de tudo confio no que sinto e confio nesta paixão que me guia, as vezes de maneira enfurecida, as vezes (raramente) com suavidade a alcançar meus objetivos custe o que custar. E enquanto vivo ela me completo a cada dia e é apenas por me sentir completo que a superação de todo e qualquer momento ruim se torna algo ínfimo e cada vez mais passageiro e superável .Portanto o que me faz viver é paixão: pelo que sinto, pelo que faço e especialmente pelo que posso e (pode ter certeza) VOU fazer.

Um comentário:

  1. Bonitas palavras, Bagé. E, ao longo do texto, eu reparei nas teorias que se estuda na academia, principalmente a do Domenico DeMassi e o ócio criativo: trabalhar/estudar algo que realmente goste, isso estimula a produção (nesse caso, intelectual) e motiva a pessoa (no caso, é inverso ao estresse, um mal social 'recente', das grandes empresas e trabalhadores insatisfeitos. Todavia, na leitura, quanto mais via a sua paixão mais eu sentia o inverso. Você se estimula em questões que sou sem esperança e acredito que isso é um traço de personalidade ou um costume que você deve saber, até melhor que eu, que são paradigma dificílimos de 'quebrar' ou de renovar essas ideais.


    Mas gostei do texto, pude refletir com ele. Até porque, por coincidência, tratei do mesmo assunto com uma colega de classe hoje.

    E aqui é o Jack Black do Cursinho Objetivo ;) É, eu sei que sumi mas eu ainda vejo as atualizações do orkut :P

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