Bomba eleitoral! A esquerda de
norte a sul, leste a oeste: todos indignados e indignadas com os resultados eleitorais.
Profundamente receosos e preocupados com o futuro do país diante de tal onda
conservadora tomando os cargos públicos. Para não mencionar as bizarrices de
sempre, que vão desde candidatos palhaço aos candidatos biônicos, todos sem nenhuma
história pública ou de luta por direitos, mas mesmo assim sendo eleitos a rodo.
A cereja do bolo são alguns dos mais votados, que são reconhecidos por seus
discursos de ódio e ainda assim atingem números absurdos de votos.
De fato a situação é no mínimo
constrangedora para aqueles que vislumbram um país diferente e mais justo. Mas
devo lhes dizer que, mais que os resultados eleitorais, a postura dos/das
camaradas diante desses fatos me deixa mais perplexo. Agem impulsivamente, como
se houvessem escolhas reais! Agem de acordo com o joguete democrático burguês
tupiniquim, vivendo uma suposta disputa entre esquerda e direita através de uma
candidatura entre Aécio Neves e Dilma Rouseff. Falam mal uns aos outros por
terem batido demais em Marina ou votado em Luciana, se lamentam e dizem querer
mudar de país, esbravejam o quanto vão se tornar petistas e toda a sorte de
tentativas de dar sentido a essa frustração. Parecem que esqueceram tanto
quanto as massas as manifestações de Junho e a lição que nos deram: povo tem
que estar organizado e na rua. E não me refiro aos levantes fascistóides: refiro-me
a quem estava lá por um país com mais saúde, educação e direitos garantidos.
Muito pobre, professor, garis, jovens e profissionais. Isso é democracia de
verdade: ir além de legendas ou candidatos eternamente insuficientes para nos
representar. Dissociar a democracia como exclusividade do Estado e
compreendê-la como algo em eterno exercício e construção. Essa é e sempre
deverá ser a nossa bandeira, seja Tiririca ou Jean Wyllys na presidência.
Infelizmente, hoje colhemos os
frutos de um partido que se intitulou de esquerda e dos trabalhadores, que consagrou
para si mesmo alguns grandes ícones de combate e enfrentamento para um país
melhor, mas que falhou em cumprir com um papel radical e comprometido com
mudanças estruturais. E colhemos também os frutos de nos mantermos presos ao
modelo institucional de política, falhando em construir levantes paralelos e
significativos (salvo exceções), nos mantendo reféns deste tipo de disputa fictícia. Levantes estes que sejam geridos e pensados
por quem deles faz parte, que não sejam absorvidos pela política institucional.
Que criem seus próprios candidatos para que não fiquem vítimas de disputas
falaciosas como a polêmica PSDB e PT, ou de um jogo democrático que nos diz dar
“liberdade de escolha”, mas nos coloca a mercê de figurinhas previamente
escolhidas de forma completamente distante do povo e de seus anseios. Seja
Aécio ou Dilma, os escândalos vão se manter, a corrupção não vai acabar, as
privatizações vão continuar, os bancos continuarão felizes abocanhando mais da
metade do trabalho dos brasileiros etc...
Por mais desanimadora que seja a
hora, não podemos jamais nos esquecer da utopia de Galeano. É necessário nos
alimentarmos dela para continuarmos criando, continuarmos caminhando. Continuarmos
tendo o gás para inventar uma democracia cada vez mais participativa e com a
cara de nosso país, rompendo com estes candidatos artificiais e que em nada tem
a ver com nosso povo; exterminando a maléfica redução da política e da construção de uma
nação exclusivamente nas urnas ou deixada nas mãos de terceiros.
Pelo menos as privatizações vão continuar
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