OS HOMENS TRISTES


Nos tempos atuais, tenho escutado homens tristes. Eles falam arrastado, ficam em silêncio e suspiram antes de contar sua história. Seus olhares estão fixos em horizontes e quando falam parecem buscar uma explicação filosófica ao invés de simplesmente dizerem: estou triste. Uns são mais quietos e outros mais extrovertidos; uns são verdadeiros palhaços enquanto outros são extremamente sérios. Uns sorriem e querem abraçar ou apertar a mão, já outros são mais reservados. Mas todos, sem exceção, estão tristes.

Geralmente é preciso um extremo para dizerem que se sentem tristes. Alguns só se dão conta da tristeza quando percebem que estão usando drogas demais, outros quando se separam de suas companheiras, outros quando se
veem incapazes de se sustentar através do trabalho (quando conseguem ter um), outros quando possuem trabalho e por ele se veem engolidos e assim vai... Independente da forma tomada, impotência é a palavra de ordem. Sim, ela: a grande algoz de homens e possivelmente uma das forças que mais nos coloca de joelhos. Incapazes diante de substâncias, de si, dos outros, do trabalho, do capital… da vida. Incapazes diante de sentir.

Silenciosos ou irônicos, esperam sempre ser compreendidos. Como compreender quem não comunica? Querem ser cuidados, mas como receber cuidado se não se mostra frágil? Reclamam de serem deixados, mas identifico neles a exigência de cuidado justamente das mulheres que os cercam. Esperam que elas usem uma espécie de poder telepático para adivinharem quando é pra ajudar e quando é só aquela escapada fundamental para a caverna. Elas ainda assim engajam em tentar compreender, usam o seu último recurso até o esgotamento e as vezes até chegam a se endividar energeticamente com altas prestações.

Solitários, choram os homens tristes. Deitam com insônia em suas camas, escoram a face nas mãos quando sentam, sentem raiva quando se olham nos seus espelhos e se angustiam com o vazio em seus peitos. Coragem, homens tristes! Coragem pra dizer: estou triste.

Imagem: "In Flames" - Sergey Fett

Nenhum comentário:

Postar um comentário