Quem realmente ganhará as eleições presidenciais



Aproximamo-nos, finalmente, do desfecho das eleições de 2014. Com o início do segundo turno, a polarização entre os eleitores ficou cada vez mais acirrada, algo que tem sido potencializado pelo uso das mídias sociais e da internet. Porém, independente do resultado final, a vitória política já é a dos setores reacionários. 

Não é a primeira vez que os brasileiros passam por um processo político aonde as mídias e redes virtuais atuam extensamente na formação de opinião. Verdade seja dita, cada vez mais elas tem se tornado acessíveis e, principalmente, um veículo de informações rápidas através de imagens ou vídeos curtos. Além disso, tem se tornado um lugar que abre espaço para certa liberdade de expressão, de forma que as pessoas têm compartilhado muito seus pensamentos políticos na rede. Mas o destaque que gostaria de dar é para certa irresponsabilidade no uso expressivo destas redes. São cada vez mais frequentes postagens mentirosas, montagens tendenciosas, vídeos editados e mensagens ofensivas e/ou odiosas para com determinado grupo, partido ou pessoa. Atiram essas informações sem verifica-las ou se dando o trabalho de estuda-las, como se não houvesse um compromisso com o tipo de coisa que se dissemina. Parecem estar guiadas por um objetivo único: desmoralizar/derrotar o que “eu não gosto” – e acaba aí. Se for falando mal de x, então é válido e qualquer coisa que tente disser o contrário está equivocada. Adeus diálogo! Esse comportamento impulsivo de apenas compartilhar informações se torna uma barreira ao pensamento. É mais uma das evidências de que o brasileiro só consegue dar uma expressão visceral e afetiva à insatisfação política. Tem dificuldade em dar um sentido elaborado por si para os problemas que vive. No máximo consegue expressar, junto do compartilhamento de notícias e reportagens, coisas como “EU DISSE/PTRALHAS MALDITOS/CADEIA NELES” e variantes. Mas sempre raciocínios curtos, ancorados em palavras e discursos elaborados por outrem. 


Um dos desdobramentos disso é justamente a incapacidade de se responsabilizar pelo que se compartilha. A competência de pensar ou elaborar discurso sobre o que acontece é sempre transferida ao outro, tornando o sujeito que age assim incapaz de sequer conceber quais os desdobramentos disso para além de alívio imediato de sua indignação. As jornadas de Junho exemplificam claramente isto: após o protagonismo do MPL as pessoas decidiram ir para as ruas colocar sua insatisfação, mas só porque estavam “#cansadas”. Cansadas do que? Talvez nem elas soubessem dizer. Não tardou para que o discurso midiático orientasse, no lugar delas, esse sentimento. Esta postura resignada/passiva, aponta bem Reich em “Psicologia de Massas do Fascismo”, é um dos pilares fundamentais para regimes de cunho fascista. O depósito na condução de uma nação ou do pensamento em uma figura quase mítica e que resolverá os problemas de tudo, enquanto poderemos viver a vida em paz e sem incomodação, seguros de que “algo está sendo feito” por nós e contra nossos inimigos – inimigos esses que tem uma cara sempre bem definida e generalizante. 


Naquela época, Reich combatia as argumentações fascistas de “bolchevismo cultural” e toda uma mitologia envolvendo os inimigos do povo alemão. Hoje, temos de escutar sobre “marxismo cultural” e outras balelas sem fundamento. Como superar isto? Reich diz que a única forma de vencer o fascismo seria com conhecimento e análises bem fundamentadas da realidade. E talvez ela esteja correto. Mais do que nunca precisaremos da calma, da paciência argumentativa e da cooperação para superar uma onda reacionária à qual só tende a crescer nos próximos anos, donde quem sairá perdendo, fatalmente, será o povo trabalhador e pobre.

2 comentários:

  1. Você está descrevendo a si próprio? Quando o assunto é de cunho reacionário você não consegue debater e gerar ideias apenas falar "seus reacionários e coxinhas". Engraçado que tudo que for conta a sua ideia você considera fascista!

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    1. Oi amigo(a) anônimo(a)! Obrigado por comentar. Você pode procurar no blog aí quantas vezes eu usei a palavra coxinha pra argumentar. Vai ver que é 0! Só uso isso pra fazer piada! :P No que se refere ao fascismo, também usei poucas vezes e não foi na forma de rótulo vazio. As ideias estão aí, uma pena que seu limite foi seu preconceito com opiniões que divergem das tuas, me acusando de coisas que sequer fiz, hehe ! Na próxima faça algum contraponto, comente algo mais bacana e construtivo, pois quem se mostrou incapaz de gerar ideias diante do que não gostou foi você! Mas fico feliz que esse texto mobilizou algo em você. Um abraço!

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