DIÁRIOS DE UMA EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE

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Hoje na nossa turma de educação popular em saúde discutimos a temática do turbante. Levantado há pouco tempo atrás, essa discussão trouxe a problemática da apropriação cultural, do racismo e da branquitude. Hoje brancos e negros discutiram turbante e eu nunca ouvi discussão mais bonita, bem feita e respeitosa sobre o tema.

As educandas-educadoras negras fizeram todo resgate histórico e religioso do uso desse tipo de adereço, junto de suas experiências fazendo oficinas para a comunidade para trabalhar (com brancas e negras) a valorização de si, o reencontro com a própria beleza etc.

Em gesto de amor, cuidado e partilha, ensinaram (em cabeças brancas) a fazer turbantes em seus diferentes tipos. Ensinaram como ou porque usar e não hesitaram em responder dúvidas de brancos e brancas, mesmo as mais carregadas de contradição. Conversaram sobre o porquê ser ofensivo e a defesa de que se utilize, mas sabendo o que é. Trouxeram opiniões divergentes: tem quem diga que branco realmente não pode usar em situação alguma, não é nosso caso.

Não tenho dúvidas que hoje construímos um pouquinho de Brasil juntas e juntos. 

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