RETOMAR MANICÔMIOS EM PLENA CRISE NÃO SURPREENDE
OS HOMENS TRISTES
veem incapazes de se sustentar através do trabalho (quando conseguem ter um), outros quando possuem trabalho e por ele se veem engolidos e assim vai... Independente da forma tomada, impotência é a palavra de ordem. Sim, ela: a grande algoz de homens e possivelmente uma das forças que mais nos coloca de joelhos. Incapazes diante de substâncias, de si, dos outros, do trabalho, do capital… da vida. Incapazes diante de sentir.
Bilhete Chuvoso
Acredito muito nos instantes.
A PSICOLOGIA PRECISA SEMPRE SER POSICIONADA
Epifanias de quarentena
Verso Freudo Marxista
Por que escrevo?
10 anos de um blog - Editorial de reabertura
CUIDADO COM O SILÊNCIO
NOSTALGIA-AÇÃO NA QUARENTENA
Elogio ao descabimento
Tenho descoberto que eu amo mesmo é o descabimento. Abri o dicionário pra rever o sentido da palavra e o verbo “descaber” diz do que é importuno, do que “não se presta a caber”. Cabe diferenciar esse não caber que eu amo do da retórica de um governo federal que se diz descabido, quando na verdade muito cabe “na economia” – esse aí cabe, bem demais até, no fascismo racista (sim temos que pecar pelo excesso) que o capitalismo demanda.
Quero só limpar o campo para dizer de novo: amo pessoas descabidas. Amo o descabimento. Amo quem se permite errar e erra, quem faz merda mesmo. Porra, quebra a cara bonito, sabe? Mas foi fiel ao que sentia. Pede desculpas depois e muda, mas que tem tesão mesmo é em quebrar a cara. Se espatifar de tanto afeto. Quem tá propenso a investir no que não cabe no contexto, no que é disforme! Denuncia talvez a aposta em um vir a ser a partir do erro tosco de querer fazer caber algo onde não cabe - planos destruídos e refeitos. Deu errado!
Tenho detestado gente controlada, nada contra, mas a civilidade demasiada nos afetos me incomoda. Relacionamentos perfeitos, pessoas perfeitas, bem resolvidas, “calmas”. Que vida é essa?
Eu sou descabido também. As vezes sem querer e muitas vezes de propósito: adoro inserir uma tensão. Adoro ser impertinente. Adoro também ser disciplinado, rigoroso.. mas um pouco de descabimento vai bem, sobretudo no amor.
30 ANOS E 3 TATOOS NO MESMO ESTÚDIO (EDU TATTOO)
Minha primeira tatuagem eu fiz com 16 anos. A ideia veio em meio a conflitos específicos e filosofias de pré adolescente. Na época eu não sabia, mas era um ponto de giro que estava acontecendo na minha vida. A ideia veio de repente em termos de sentido e do que queria que o desenho transmitisse. Maturei ela por uns dias, busquei desenhos e acabei achando um que me agradou. Eu tinha um amigo desses fóruns virtuais da época e pedi pra ele fazer a modificação que eu queria. Falei pra minha mãe Clarisse Sciortino Giorgis que queria fazer e mostrei o desenho. Ela primeiro ficou receosa, pois era um desenho médio/grande, mas acabou topando e no dia até fez uma pra ela também. Fomos no Edu Tattoo, na época na Av. Independência próximo ao Rosário.
A minha segunda tatuagem foi aos 19. Estava numa encruzilhada entre passar de uma vez em uma federal ou possivelmente ter que sair de Florianópolis para Porto Alegre. Vivia conflitos daquele momento também, que sinalizavam outro giro importante na minha vida. Em meio a isso tudo veio a ideia de outra tatuagem. Essa ideia foi e voltou e de novo fiquei pensando no sentido que eu queria que ela tivesse. Busquei um desenho, mas não gostei. Acabei achando outro, com um significado místico que me é muito especial. Fui lá e fiz de novo, também na Edu Tattoo.
Aos 30 fiz mais uma. Maior que essas duas e também numa onda de conflitos significativos da minha vida. A ideia veio "do nada" como sentidos e significados que eu queria e então fiquei matutando. Busquei vários desenhos baseados na música "A vida é Desafio" do Racionais MC's, que é a base desse algo que queria que ela significasse pra mim. Quis trocar o ás de aspada pelo baralho Espanhol. Peguei 3 desenhos diferentes, imaginei uma mescla deles e levei pro Edu Tattoo, que hoje está na Octavio Correa nº 84.
Quando cheguei lá ele colocou a música pra escutar. Falei a ideia. Ele topou, disse que gostava de desenhos desse estilo. No outro dia ele me mandou o desenho modificado por ele, adicionando outros símbolos e trocando o ás de espada do baralho espanhol pelo ás de espada do tarot. Lemos o significado dessas coisas e eu vi que estava ainda mais significativa pra mim a tatuagem como um todo. Quando eu vi estava feito.
Dessa tatuagem cada desenho tem um significado singular, mas que em composição transmitem uma outra coisa que eu gostaria e ainda a ultrapassa. Freud explica (e explica mesmo todo esse lance das tatuagens).
Os sentidos não vou explicar aqui pois não cabe.Quem sabe pessoalmente pra quem quiser, até porque tem vários elementos pra se falar.,, mas numa parcela do sentido dela, daria pra dizer que penso que "a gente vive e morre pelo que fala".
CRÔNICAS EM TEMPOS DE GOLPE - NADA VALES
Abri hoje uma notícia com uma fala do Osmar Terra, psiquiatra e político conhecido por ter uma posição terminantemente contra a legalização das drogas e a redução de danos. Diz ele: “Agora vamos nos orientar pela ciência e defender a abstinência. Não vamos enxugar gelo com redução de danos”.
“Orientar-se pela ciência” e “defender abstinência” são coisas incompatíveis. Trata-se de mais uma discussão que é suprimida por pura ideologia. Ela surfa na onda ignorante em que vivemos atualmente, onde o debate se deslocou da discussão fundamentada para o nível da crença pessoal. Nesse caso, trata-se de uma crença arcaica no punitivismo, mas também um oportunismo por parte daqueles que lucram com internação, fórmula técnica que acompanha sempre a abstinência. O que se quer com isso? Da parte das comunidades terapêuticas evangélicas, dinheiro. Da parte dos políticos, um aval para limpeza urbana dos “drogaditos” - apenas os feios, pretos e pobres.
....
Ainda ontem, uma grande amiga foi demitida por fazer seu trabalho bem feito. Aparentemente, suas posições pró-políticas públicas eram um empecilho para o próprio gestor da política pública. Fazer um bom trabalho, alinhado com a ética da coisa pública, se tornou um problema. Ao longo das semanas, não foram poucos os relatos de desemprego e insatisfação: toda uma geração formada para reforçar a democracia e a seguridade social se encontra em um limbo, quando não em um moedor de força de trabalho. O mantra liberal diria que elas não foram competentes o suficiente, quando, na verdade, não conseguem emprego por serem competentes demais, palavras ditas pelos próprios “recrutadores” nas seleções de emprego.
Enquanto isso, a meritocracia vai para o ralo, pois quem ocupa a chefia da coisa pública são pessoas que são indicadas por esquemas políticos ou familiares. Quem gere a coisa pública não são beneficiários dela e nem quem nela trabalha, mas todo tipo de playboy/patricinha embebidos de toda vadiagem burguesa, que lá foram colocados quase que contra sua própria vontade (pois trabalhar pra essa gente faz mal e é ruim). Mandam e desmandam, como se aquilo fosse uma extensão do próprio berço de ouro do qual, por acaso, saíram.
Nós da classe média contemporânea tiramos na loteria. Parte de nós ajudou a cavar nossa própria cova. O sonho acabou: fomos todos criados com amor e carinho, direcionados para conquistas pessoais no futuro na forma de previsões quase que esotéricas. Ouvimos toda a vida sobre nossa competência e genialidade, apenas para hoje voltarmos a morar com os pais e ganharmos um salário irrisório, sendo humilhados e assediados de todas as formas no meio de trabalho.
Quem sabe assim possamos olhar pro lado. Entender que uma parcela do povo já estava vivendo sob todas essas mazelas, quando não muitas outras. O que vivemos hoje não é novidade pra muita gente nesse país há séculos. Ainda há tempo pra fazer da empatia construção comum e não caridade.
-
O dia 27 de Agosto é tido como o "dia do psicólogo". A escolha deste dia se deu devido ao fato de que foi em 27 de Agosto de 19...
-
Assisti hoje ao filme “Gênio Indomável”. O filme trata da história do gênio Will Hunting, um rapaz pobre que possui uma inteligência acima d...
-
Recentemente engajei-me em uma campanha, “Bagé pela literatura”. A ideia, como o nome indica, é o auto-incentivo à leitura de mais livros r...
-
E lá se foi outra vida. Dessa vez a de um atleta. Ia ficar calado, mas é evidente que os ânimos fizeram as pessoas se manifestarem, dentre ...




